Um dia percebi que nada existia.
Nada que meus olhos humanos tão vorazes e famintos enxergavam, de fato, existia.
O mundo que ali estava era apreendido pelos olhos da mente,
computado por uma rede de instintos e experiências, desenhado quase
que automaticamente pelo que eu conhecia como minha memória, como parte de mim e fim.
Ali estava um filme. Um filme da tangível realidade,
o filme da minha vida me cegando e me sugando.
Eu, o espectador moribundo, mal percebia os pequenos sinais.
Mas eles vinham, hora ou outra de canto algum e chegavam como flechas
incandescentes e incendiavam tudo.
Acertavam em cheio 'o meio' queimando
do centro as pontas, de dentro pra fora, aquilo e apenas aquilo
ardia no verdadeiro Eu.
As emoções incontroláveis, os estímulos ao acaso, aquilo que me atingia com uma
força indescritível,
sem nome, sem origem, sem motivo.
Aquilo era a verdadeira visão, tudo o que aprendi sobre 'ver' estava errado.
Cabe a mim agora, aprender o jeito certo...