sexta-feira, fevereiro 19, 2010

Go


Bags packed to go,
I'm rehearsing a 'goodbye'
even though I will only say:
'See you later'
I know better than anyone:
I'm not going back...
Please do not wait for me.

(malas prontas para partir,
estou ensaiando um 'adeus'
mesmo sabendo que direi apenas:
'vejo você mais tarde'
Eu sei, melhor que ninguém:
Eu não vou voltar...
Por favor não espere por mim.)

...

Disparo contra o sol;
Sou forte, sou por acaso...

Viver

Tenho diários desde os 12 anos;
Tenho 8 anos de sentimentos descritos;
Tenho, aproximadamente, 2.920 páginas de
emoções que precisei expressar de alguma forma.
Tenho, talvez, necessidade de dizer algo à mim
todos os dias.

Cada um cuida de si próprio como pode;
Há quem prefira se guardar, há quem prefira
se expor e quem sabe não exista também alguém
como eu que só se expõe para o mundo de uma forma
que apenas os próprios olhos podem ver (ou ler).

Há quem se faça de personagem do próprio livro
que escreve, e não seria isso viver?

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

Walking Alone

Estou:
Andando sozinho entre ruas sem limites: O fim de uma sempre resulta no começo da próxima.
Preciso sentir que minhas pernas estão se movendo, fazendo o meu corpo avançar, cortando o ar mesmo que lentamente...
Preciso continuar assim: Em Movimento;
pois para mim parar significa deixar o mundo me alcançar, e já não existe nada no mundo que eu queira por perto.
Estou andando sozinho, passeando pela vida sem apegos, sem portos e sem pontes. Apenas seguindo comigo mesmo nessa solidão que conforta por que não me permite ter ninguém a quem abandonar.

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Em último, o agora.

E hoje eu me encontro na mesma varanda, no mesmo lugar onde eu costuma brincar e te ouvir, com a cabeça encostada na mesma parede de pedras, olhando através da porta da varanda para o mesmo portão antigo e chorando por ser incapaz. Sim, por ser incapaz de lutar contra o tempo, por ser incapaz de conviver com a frase: Todos temos nossa hora. hora, hora e hora sempre ele, sempre: ''O Tempo''.
Estou aqui, vendo o sol da tarde passando pela grade e deixando sombras que desenham formas onduladas no chão e ainda olho para a mesma rua que à seis horas vi você partir no banco de trás do carro.
E agora, depois do último telefonema, sei que não vou te ver chegando, entrando pelo portão já conversando como sempre faz.
Uma terceira internação em tão pouco tempo, outra vez 'o tempo' esse mesmo que não sei como derrotar, ou inteferir ou fazer voltar.
Você pode viver por mais alguns anos, ou por mais alguns minutos. Isso nunca terei como saber. Mas o que eu nunca poderia deixar de pensar é que você VIVEU, viveu por suas idéias, ainda vive e viverá por elas até o fim.

E este é o meu orgulho, de poder seguir seus passos.
Eu te amo muito, muito mesmo vovô.

Em terceiro, sua história.

Lembro de ter passado em sua varanda tardes ouvindo histórias sobre um Rio de Janeiro que nunca poderei conhecer, de ruas largas e de prédios antigos...
O Rio de Janeiro da sua avó portuguesa que ia a igreja pela manhã e que levava doces para casa aos domingos, ou então o Rio de Janeiro do seu pai advogado que gostava de levar sua mãe, uma jovem com rosto de boneca e corpo de bailarina, ao teatro. Ou então do seu próprio Rio de Janeiro, da sua casa em Copacabana onde você se criou comunista e idealista.
Como eu queria então, que minha imaginação fosse mais fértil para imaginar você exatamente como você era, para então achar, pelo menos por um momento que eu sempre estive com você.

Em segundo, A luta.

Nos últimos meses todos os que me cercam só ouviam de mim palavras como: doente, hospital, coração, soro, sangue, fraco, médico, sonda, morrendo.morrendo.morrendo... Com certeza essas últimas eram as que ecoavam com mais peso, eram as palavras que rasgavam minha alma em duas.
E eu então numa luta disfarçada de carinho, num medo disfarçado de sorriso despreocupado, só conseguia me apegar mais e mais... Me apegar a essas mãos trêmulas e a este cabelo cheio tão branco e tão brilhante como a lua numa noite sem estrelas, logo eu só consigo amar mais e mais...Amar esse rosto envelhecido de um sorriso largo que joga no ar uma inteligência lúcida de 86 anos de vida.

Em primeiro, o tempo.

Tempo.Tempo.''Tempo''. Se Deus existe e tem um nome, ele se chama ''Tempo''.
Tempo aquele que não se entende, tempo este que tem vida própria e com o qual ninguém é capaz de lutar.
Apenas o tempo é soberano e infinito se realmente tudo passa e todos morrem só existe um culpado: O tempo.
Durante alguns meses eu estive tentando enfrentar esse gigante sem rosto, estive tentando entender seus passos e de certa forma estive também culpando as horas, os dias, meses e anos por tudo o que eu não conseguia aceitar: O Fim

A lembrança


O passado está caminhando novamente;
querendo fazer morada nesse coração vazio.
Tudo o que eu não quero lembrar de alguma forma
está presente, de alguma forma está tentando
me alcançar.
Parece que está sempre na próxima esquina:
Ela sentada na calçada rindo e fazendo pouco caso,
Ela: A lembrança que me atormenta.