sexta-feira, janeiro 08, 2010

Diários e Transtornos |4|

A volta

Mais uma daquelas festas de sempre, mais um conjunto de flashes rápidos
e distorcidos que se multiplicam em luzes multicoloridas e sons misturados...
E o tempo? O tempo tem vida própria, as horas passam num segundo e
alguns segundos se arrastam em horas, só quem já esteve assim sabe como é;
quando a sua mente diz uma coisa e seu corpo faz outra, quando você não está
mais no controle de nada e já não enxerga mais ninguém.
Sorrisos. Sorrisos, talvez falsos sorrisos que se fazem de verdadeiros apenas
por um tempo e depois viram arrependimento e fim.
Não sei quanto tempo eu levo para voltar a ser eu mesmo, preso nessa realidade
da qual não escolhi viver, assim que sinto minha consciência gritar comigo, eu vou embora.
A única coisa que tira um pouco o arrependimento que sinto é dirigir de madrugada.
Nada é melhor do que a sensação de estar livre em uma estrada deserta; numa rua sem fim.
Eu costumo abaixar o vidro da janela e colocar a mão pra fora sentindo o vento gelado se perder
entre os meus dedos trêmulos, eu costumo não respeitar os sinais que dizem que eu devo parar
quase como se fosse um desafio: Eu vou direto e rápido e constante.
Quase nunca vejo ninguém, mas sempre que vejo uma ou duas pessoas perdidas nas calçadas eu procuro
olha-las e pensar por que estão ali e seus rostos sempre me dizem algo, os rostos da madrugada tão
perdidos como eu mesmo...
E as luzes que vão se apagando, nas casas ou nos apartamentos me fazem pensar quem estaria
indo dormir agora, essa pessoa seria mais feliz que eu?
Quando minha mente começa a me questionar eu procuro não pensar mais, coloco
o som no último volume e continuo a dirigir.

''I'm a shockwave and I don't need anyone
I'll follow my ways 'til the day I die
I'm a shockwave and I'll take your fuckin' life
Don't mess with me I'm a shockwave ready to kill...''


Quase sempre esqueço tudo isso, quando chego em casa.